Alfaiate sou.
Que não me estranhem os amigos chegados, os cigarros
apagados e os copos suados..alfaiate sou.Pois se me deixo de novo a balada de Adoniran
e sua tristeza, a mais bela alegria do homem triste, que seria eu? Não que eu
exista, nem que eu duvide... com linha e agulhas, alfaiate estou.
Se nesse breu inebriante, palavras em rimas, costume
viciante, devo dizer.. aprendi te odiar, aprendi te amar, aprendi te cozer em pouco
fogo, aprendi a degustar. Mas, cozinheiro tentei ser e cozinheiro não sou, pois
mãos habilidosas sabes bem meu doce cetim que as tenho, pois bem..alfaiate
sou.
E não há um boteco, não há caneco, não há no vodu um boneco,
que não saiba dos teus. Do olho teu, beleza singular, das ancas tuas, pro inferno
a timidez, do perfume teu, do pingente que roubei, do beijo roubado que te dei...
foi presente teu, planejaste bem. Mas como bolso falso, procuraram nota e maço,
mas para meu embaraço, aumentou o meu cansaço pondo em oculto pouca informação.
E logo tu donzela, que toda toda Cinderela, princesa de luz
se escureceu. Mentiste e não foi pouco, prometeste o que te era muito, e num
fundo das costuras se perdeu. O problema, o dilema, é que fui feito tolo e teu, quem
te vê assim cingida de belo pano, tão alvo e claro plano logo pensa, culpado
serei eu.
Bem feito! Alfaiate que deixa linha solta vê a roupa
desmanchar, mas por piedade, por menos maldade, arredeie um pouco mais de linha
só pra eu enfim me enforcar. Pois pelo que fui pra você, logo se vê, nunca
gostaste deste ateliê. Gastou apenas a corda que te dei.
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